A Mídia: “Papa Francisco debochou das vítimas de padres pedófilos”
A Igreja Católica não inventou a pedofilia, mas detém os direitos autorais do acobertamento de criminosos que usam batina
(…)
Por que então uma parte dos chilenos reagiu com vaias, protestos e até mesmo violência, incendiando igrejas e entrando em confronto com a polícia?
Parte da resposta está em Juan de Barros, o bispo de Osorno, um dos muitos clérigos que trabalharam para acobertar os crimes de Fernando Karadima, padre de grande popularidade no país que foi afastado pelo próprio Vaticano, em 2011, depois da comprovação de 75 casos de abusos contra adolescentes. Francisco enfrentou o clamor de parte considerável dos católicos chilenos e deu um jeito de poupar o bispo. Para piorar a situação, Barros estava presente no momento em que o papa proferiu as suas pouquíssimas e monocórdicas palavras de autocrítica.
Muitos interpretaram a declaração como deboche puro e simples, como hipocrisia abadesca e falta de respeito com as vítimas, mais ou menos como acontece nas séries de TV em que traficantes milionários doam fortunas a instituições dedicadas a combater o vício nas drogas. Como se tudo fosse pouco, o teatro continuaria em seguida, quando o papa se encontrou a portas fechadas com vítimas de padres chilenos. De acordo com a imprensa local, não se sabe se os presentes eram vítimas de Karadima.
(…)
Sabe-se há muito que o silenciamento de crimes sexuais praticados pelo clero foi uma política oficial do Vaticano.
O Crimen Sollicitationis, escrito em latim em 1962, era um documento então secreto que a Igreja enviou a todos os bispos do mundo. Seu propósito era informar as providências que deveriam ser tomadas em relação aos padres comprovadamente pedófilos. Basicamente, essas providências consistiam no silenciamento de todos os envolvidos. A pena para a vítima que quebrasse o silêncio era a excomunhão.
(…)
Fonte: Veja, Blog O Leitor
O Papa: “Deus chora por esta vergonha”
“Os crimes e pecados dos abusos sexuais de menores não podem ser mantidos em segredo por mais tempo”
Afirmou e expressou seu compromisso de manter uma
“zelosa vigilância da Igreja para proteger os menores e prometo que todos os responsáveis prestarão contas”
Como essa “notícia” foi distorcida
Aqui na realidade não temos a distorção de uma notícia, porque não há nem uma notícia de fato. Temos a emissão de uma opinião, misturada com a interpretação distorcida de meias verdades, sendo essa opinião ou mal informada, ou permeada de má fé; mas mais provavelmente afetada por ambas as coisas.
De um colaborador, de um blog dentro do portal da revista Veja, na área de “Ideias”. Ainda que esse colaborador seja doutorado.
Tendo dito isso, o que nos resta não é mostrar onde está o erro da notícia, pois não há notícia nenhuma. Há uma série de opiniões pessoais permeadas de interpretações enviesadas da realidade, muito bem escritas e concatenadas de modo a parecer que o Santo Padre seja condescendente com aquilo que ele ferrenhamente se opõe.
Trechos e respostas
- “Por que então uma parte dos chilenos reagiu com vaias, protestos e até mesmo violência, incendiando igrejas e entrando em confronto com a polícia?”
Não há “uma parte dos chilenos”, mas ativistas. Os mesmos ativistas que depredaram as Igrejas no Chile, são os que fundaram a organização global. Não as mesmas pessoas, mas alinhadas à mesma ideologia.
- “Parte da resposta está em Juan de Barros, o bispo de Osorno, um dos muitos clérigos que trabalharam para acobertar os crimes de Fernando Karadima, padre de grande popularidade no país que foi afastado pelo próprio Vaticano, em 2011, depois da comprovação de 75 casos de abusos contra adolescentes.”
Aqui a opinião do Santo Padre é muito clara: O Papa diz que acusação – de acobertar os crimes de Fernando Karadima – contra o Bispo Juan de Barros foi calúnia e que não há provas. Se essa é a crença do Santo Padre, certamente ele não irá repreender alguém que está sofrendo calúnias. O Vaticano já puniu o culpado, não começará a punir os inocentes agora.
- “Francisco enfrentou o clamor de parte considerável dos católicos chilenos e deu um jeito de poupar o bispo.”
Que parte considerável? Os ativistas? Mas os ativistas não são católicos…
- “Para piorar a situação, Barros estava presente no momento em que o papa proferiu as suas pouquíssimas e monocórdicas palavras de autocrítica.”
Se de fato o Bispo Juan Barros está sendo vítima de calúnia, não há nenhum espanto com a presença do Bispo. Se ausentar seria, ao contrário, sinal certo de culpa.
- “Muitos interpretaram a declaração como deboche puro e simples, como hipocrisia abadesca e falta de respeito com as vítimas, mais ou menos como acontece nas séries de TV em que traficantes milionários doam fortunas a instituições dedicadas a combater o vício nas drogas.”
Muitos quem? Os ativistas e os ideologicamente alinhados ao autor da postagem, que antes mesmo da viagem já estavam depredando a Igreja? Comparar as desculpas sinceras e as ações que o Santo Padre tem promovido dentro da Igreja, sempre se posicionando corajosamente e dizendo que a Pedofilia não pode ser encoberta, com hipocrisia é querer fechar os olhos para os esforços de toda a Igreja.
- “Como se tudo fosse pouco, o teatro continuaria em seguida, quando o papa se encontrou a portas fechadas com vítimas de padres chilenos.”
No roteiro original, não estava previsto o encontro no Chile com as vítimas de abusos e pedofilia. Se o Santo Padre viesse e não se encontrasse com vítimas de pedofilia, seria certamente atacado por ignorar essas vítimas, mas se ele encontra com as vítimas é acusado de teatro. Parece razoável esse ataque?
- “Sabe-se há muito que o silenciamento de crimes sexuais praticados pelo clero foi uma política oficial do Vaticano.O Crimen Sollicitationis, escrito em latim em 1962, era um documento então secreto que a Igreja enviou a todos os bispos do mundo. Seu propósito era informar as providências que deveriam ser tomadas em relação aos padres comprovadamente pedófilos. Basicamente, essas providências consistiam no silenciamento de todos os envolvidos. A pena para a vítima que quebrasse o silêncio era a excomunhão.”
Para saber se o silenciamento de crimes sexuais é uma política oficial, devemos ler o documento ultra-super-mega-secreto disponível no próprio site do Vaticano que foi enviado para mais de 5.000 bispos… de qualquer forma, o site Deus Lo Vult se deu o trabalho de falar sobre o documento e a tradução, e a distorção de quem quer usar essa encíclica para “provar” que a Igreja encobre pedofilia.
No final das contas, não há notícia a ser refutada, mas uma série de opiniões fundamentalmente alinhadas à ideia ideologizada de que a Igreja encoberta a pedofilia e não a combate. Fica por fim as palavras do Santo Padre sobre a Igreja e seu combate à pedofilia, mais verdadeiras do que nunca:
“A Igreja Católica talvez seja a única instituição pública que se moveu com transparência e responsabilidade. Nenhuma outra fez tanto. E, entretanto, a Igreja é a única a ser atacada”